Saúde

Com pandemia, procura por vacina para crianças diminui em Betim

Cobertura de menores de 1 ano em Betim em 2020 ficou bem abaixo do recomendado

Publicado em 17 de setembro de 2020 | 19:46

 
 
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Em 2019, o movimento antivacina foi listado como uma das ameaças à saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Neste ano, a pandemia do novo coronavírus se mostrou outro grande vilão na cobertura vacinal em todo o país. Em Betim, a situação não foi diferente: nenhuma das vacinas recomendadas para crianças de até 1 ano alcançou o mínimo recomendado pelo Programa Nacional de Imunização, do governo federal, que é de 90% a 95%. A vacina pentavalente foi a com pior alcance, caindo de uma cobertura de 84,38%, no ano passado, para 67%, em 2020.

A baixa cobertura vacinal, uma situação considerada preocupante por especialistas, se agravou com a pandemia da Covid-19, que impôs a quarentena e reduziu a circulação de pessoas nas ruas e nas unidades de saúde. 

Entretanto, há pelo menos cinco anos, conforme dados do Programa Nacional de Imunização, esses dados vem caindo no Brasil. “A queda na cobertura vacinal vem se acentuando ano após ano em todo o país. Vários motivos contribuem para esse baixo índice, como a crise econômica do país, a despreocupação da população com doenças já controladas ou erradicadas, o esquema vacinal complexo e o movimento antivacina, que vêm se disseminando”, afirmou a enfermeira e referência técnica em imunização em Betim, Úrsula Rodrigues.

Para a especialista, a desinformação também tem sido um fator que afeta negativamente a vacinação, uma vez que provoca insegurança na população. Ainda conforme Úrsula, a propagação de falsas notícias sobre a segurança e a eficácia das vacinas nas redes sociais também tem contribuído para provocar mais medo dos possíveis eventos adversos do que das doenças. 

“Isso provoca diminuição das coberturas vacinais e a reintrodução de doenças controladas. O desaparecimento de algumas doenças gera uma percepção equivocada de que não há mais risco, e faz crescer os grupos contrários ou hesitantes à vacinação. Assim, vão se formando os bolsões de susceptíveis, deixando a população cada vez mais vulnerável”, explicou Úrsula. 

“Esse quadro é muito preocupante. A queda na cobertura pode trazer sequelas irreversíveis, mortes, surtos e epidemias por doenças que já estão controladas”, completou a referência técnica em imunização em Betim.

Ações da prefeitura

Para incentivar a vacinação da população, a prefeitura desenvolve ao longo do ano diversas ações. Uma que tem trazido bons resultados é a abertura de postos itinerantes de vacinação em espaços de grande circulação de pessoas, como praças, escolas e empresas.

“A partir deste mês, reforçaremos essa ação dos postos volantes, priorizando a imunização contra o HPV, doença sexualmente transmissível. É uma boa oportunidade para os adolescentes se imunizarem. Neste ano, a cobertura vacinal para este público também ficou abaixo da meta do Ministério da Saúde”, explicou Nilvan Baeta, diretor de Vigilância em Saúde em Betim.