Combate da pandemia

Betim terá nova fase de pesquisa para estudar variantes da Covid-19

Estudo científico, realizado em parceria com a UFMG, vai avaliar a frequência dessas novas cepas da Covid-19 no município

Publicado em 09 de março de 2021 | 18:33

 
 
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Identificar como as novas variantes do coronavírus estão circulando em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Esse é o objetivo da nova etapa da pesquisa científica "Soroprevalência para SARS-CoV-2", que será executada na cidade. O estudo é realizado pela prefeitura em parceria com o Laboratório de Biologia Integrativa do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A pesquisa terá início em abril e será realizada em três etapas, com término previsto para maio. Para conseguir mapear as variantes, como as de Manaus (P.1) ou do Rio de Janeiro (P.2), a cada 21 dias, 80 amostras de moradores da cidade que testarem positivo para a Covid-19 serão analisadas pelos pesquisadores. Ao todo, estão previstas três rodadas, totalizando 240 amostras coletadas da própria rede hospitalar do SUS. 

Essa nova fase da pesquisa vem após os resultados das três primeiras etapas, realizadas entre junho e julho de 2020. Naquela época, 3.240 moradores da cidade foram submetidos a testes rápido e de RT-PCR para identificar a circulação do vírus no início da pandemia, totalizando 6.480 testes. Desse levantamento, foram analisadas 35 amostras em que já foram identificadas duas linhagens diferentes do vírus, a B.1.1.28, em 18 amostras, e a B.1.1.23, em 17. 

"Naquela primeira etapa, realizada em três rodadas, nós identificamos a circulação e a prevalência do vírus. Então, a gente queria ver a 'cara' do vírus que estava circulando na cidade, como sua extensão na população, os sintomas mais comuns, a estimativa da prevalência e subnotificação, os grupos de riscos e as características da população afetada. Depois, foi feito o sequenciamento genético do vírus", explicou uma das coordenadoras da pesquisa, Ana Valeska Fernandes. 

Agora, segundo a coordenadora, com essa nova etapa do estudo, o objetivo é verificar, além da circulação das novas variantes no município, a prevalência delas na cidade. “Serão analisadas somente amostras de casos positivos. Isso será de extrema importância porque poderemos saber a situação dessas novas mutações, e isso vai contribuir muito para o norteamento de políticas de saúde pública. E como serão analisadas amostras a cada 21 dias, teremos um retrato de como estará a evolução dessa circulação", completou Ana Valeska. 

Em Betim, já foram detectadas três variantes, segundo a prefeitura. A do Reino Unido (B.1.1.7) e a do Rio de Janeiro (P.2) foram reportadas pelo grupo da UFMG, e a P.1 (Manaus) pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Não há ainda dados sobre a frequência dessas linhagens no município. 

"Essa nova fase da pesquisa tem dois objetivos. O primeiro é caracterizar a circulação no município dessas novas variantes, podendo, assim, contar como elas chegaram até Betim. E o segundo é estimarmos a frequências delas, uma vez que ainda não sabemos quais as linhagens são as mais comuns. A detecção de variantes é um passo importante, mas é somente o primeiro nesse tipo de estudo. Precisamos ainda caracterizar qual o mecanismo de entrada dessas linhagens no município e qual a mais comum atualmente", salientou o pesquisador da UFMG, Renan Pedra. 

Segundo o pesquisador, já se sabe que as novas variantes têm poder de transmissão maior, mas ainda não há comprovação de que possam ser mais letais. “A questão maior é a reposta que cada organismo dá após a infecção”. Por isso, o pesquisador ainda reforçou que é super importante que todos reforcem a prevenção. "O uso de máscaras, o distanciamento e a higienização previnem e combatem a Covid. Com essas variantes, que são mais transmissíveis, a prevenção deve ser levada ainda mais a sério. E uma boa notícia é que as vacinas se mostram eficazes contra as novas cepas que circulam no país", completou Pedra. 

Políticas públicas
O secretário adjunto de Gestão da Saúde de Betim, Augusto Viana, afirmou que os resultados do estudo continuarão norteando a organização da rede de atenção à saúde e as políticas públicas do município no enfrentamento da Covid-19. “Assim que a pandemia se instalou, em março de 2020, promovemos várias ações de contenção da doença, como a restrição do funcionamento do comércio, o uso obrigatório de máscara, blitzen educativas, dentre várias outras. Ainda em maio de 2020, iniciamos esse estudo inédito em sua modalidade, que tem sido fundamental para orientar as ações de enfrentamento à covid-19 e nos permitir salvar vidas", disse. 

Viana  também ressaltou que Betim possui pólo industrial com grandes empresas e indústrias, além de estar localizada por extensão malha de rodovias e fazer parte da região metropolitana, resultando em alta circulação de pessoas de todas as partes do país. "Essa conexão entre metrópoles e cidades facilita a transmissão da doença à medidas que muitas pessoas passam por nosso município. Isso influencia também no número de casos da doença. Por isso, é preciso não relaxar das medidas de prevenção", concluiu.