Representatividade

Moda faz a cabeça dos MCs e extrapola as periferias de Betim

Mais do que barbearias, espaços se transformam em palcos e lançam tendências para músicos da região

Publicado em 12 de agosto de 2021 | 22:33

 
 
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Das comunidades cariocas para Betim, o corte de cabelo conhecido como “disfarçado americano” marca a identidade visual de vários MCs no universo do hip-hop, do funk e do rap no cenário nacional. O estilo é conhecido pelo volume maior de fios no topo da cabeça. Frequentemente, ele é acompanhado por desenhos criativos, riscos, listras e cores vibrantes, como o rosa-choque, o verde-limão e o vermelho-fogo.

Os cortes estilizados já extrapolam os limites das periferias e ganham destaque no cenário da moda impulsionados por grandes astros do hip-hop e do rap. No Brasil, cantores como Djonga e Mano Brown adotam o estilo.

Fernando Silva, de 41 anos, conhecido como Xula, é dono de uma barbearia no Jardim Teresópolis. Há 12 anos, o estabelecimento se consolidou como uma referência entre os MCs da região metropolitana de BH. “Atender músicos que são tão importantes para o fortalecimento da nossa cultura é uma honra”, disse.

Engana-se quem pensa que os cabelos tingidos são apenas uma questão estética: “Um corte de cabelo é muito mais que um simples corte. Ele é uma forma de os cantores levarem para o palco sua identidade, origem e cultura”.

Para o MC Nosk, de 24 anos, morador do bairro Laranjeiras e dono de uma produtora, o corte é uma importante forma de enaltecer as origens: “Eu amo fazer corte disfarçado. Ele é um tipo de corte que a comunidade pobre de dinheiro, mas rica de felicidade adotou para si. Agora, até os famosos adotaram”.

A porta da tradicional barbearia no Jardim Teresópolis, também já foi palco de manifestações culturais memoráveis: “A turma chega aqui, e as batalhas de rima acontecem, às vezes programadas, às vezes de forma espontânea. Temos grandes talentos aqui na região, uma garotada fera”, contou com bastante entusiasmo o barbeiro. 

Eventos que reúnem barbearia, moda na periferia e música têm surgido em várias regiões do Brasil. Enquanto barbeiros duelam pelo melhor corte de cabelos, MCs disputam a melhor rima: “Tenho uma vontade muito grande de ter uma dessas batalhas aqui em Betim”, afirmou Xula.