Inclusão

Felipe ficou tetraplégico após um mergulho e conta sua história

Na esteira de inúmeros desafios, ele e milhões de pessoas em sua condição no Brasil celebram nesta terça (21) o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Conferência municipal debate inclusão por meio de políticas públicas

Publicado em 21 de setembro de 2021 | 10:17

 
 

Foi em um momento de lazer e reunido com a família, em fevereiro de 2005, que o economista Felipe José de Sá, de 41 anos, que mora no bairro Espírito Santo, viu sua vida mudar drasticamente. Após um simples pulo na piscina, ele quebrou o pescoço e, aos 24 anos, ficou tetraplégico. “Eu havia consumido uma quantidade alta de bebida alcóolica e já nadava na mesma piscina havia mais de quatro anos. Portanto, não posso dizer que foi inevitável”, relembra. A junção de fatores contribuiu para a fratura das vértebras C6, C7 e T1, e Felipe se tornou tetraplégico. Atualmente, ele usa cadeira de rodas e enfrenta vários desafios diários, entre eles lidar com o preconceito que as pessoas carregam sobre a deficiência: “Eu tenho como princípio e missão fazer minha parte para elucidar e ajudar as pessoas a convergirem no processo de inclusão, mesmo sendo muito difícil, mas não desisto”.

Felipe faz parte do grupo de 17,3 milhões de brasileiros, ou 8,4% da população do país, que têm alguma deficiência, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que nesta terça (21) celebram o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. A data, conforme ressalta a psicóloga Cintia Santos, que trabalha há 14 anos com projetos de inclusão das pessoas com deficiência, é fundamental para que sejam trabalhados grupos de preconceitos enraizados socioculturalmente. São dois grupos, de acordo com ela: o primeiro é formado por atitudes que supõem que a pessoa é totalmente incapaz de desempenhar atividades rotineiras, e o segundo supervaloriza ações triviais realizadas pelas pessoas com deficiência. “Essas pessoas querem ser reconhecidas pelo legado que deixam no mundo, não porque fazem coisas que são comuns às demais. Então, comentários como ‘tem tanta gente saudável que não faz nada e você está aí batalhando' são carregados de preconceito”, detalha a profissional.

A estudante de Recursos Humanos Andrea Gonçalves, de 44 anos, tem deficiência visual.  Ela, assim como Felipe, convive com o preconceito, mas usa a educação não só para combatê-lo como para construir espaços mais inclusivos para pessoas com deficiência: “Mesmo depois dos 30 anos, já passei por espaços educacionais de graduação, especializações e um curso técnico, sempre provando que não há limite para quem deseja algo. Recentemente, inclusive, fui convidada para dar uma palestra no Senac sobre o tema capacitismo. Foi muito gratificante”, comenta.

Conferência

Os desafios e os avanços na inclusão por meio das políticas públicas serão pauta da 5ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que acontecerá nesta terça-feira (21), no auditório Ady Rosa de Freitas, no Centro Administrativo João Paulo II, das 13h às 17h. O evento, que tem formato híbrido, será transmitido pelo canal da Prefeitura de Betim no YouTube. 

Com o tema "Cenário atual e futuro na implementação dos direitos da pessoa com deficiência: construindo um Brasil mais inclusivo", o encontro irá abordar temáticas relevantes para o fomento da inclusão na cidade. Para a vice-prefeita e secretária municipal de Assistência Social, Cleusa Lara, a conferência será histórica. "A conferência é a instância máxima do controle social. É quando reunimos a sociedade organizada e discutimos temas de interesse público. A participação popular na elaboração, na implantação e na fiscalização de políticas públicas é fundamental", ressalta.

Atividade no Cras

A inclusão também será o tema central de atividades desenvolvidas, na quinta-feira (23), no Cras Alterosas 2, das 9h às 10h. No encontro, será dado espaço de fala e visibilidade para que as pessoas com deficiência possam compartilhar suas histórias.  O evento também contará com uma gincana sensorial.