Paraopeba

Brumadinho aciona MP após encontrar alto índice de metais em rio

Segundo laudo obtido após análise de amostras da água e da lama do manancial, a quantidade de manganês é seis vezes maior que a permitida por lei; especialista diz que concentração é tóxica e prejudicial

Publicado em 22 de março de 2022 | 00:32

 
 
normal

A água e a lama densa e com forte odor levadas pelas enchentes do início deste ano a centenas de imóveis às margens do rio Paraopeba tinham alta concentração de metais. Quantidades acima do aceitável de ferro e manganês estão presentes na água. Já outros elementos químicos, como alumínio, silício, magnésio e ferro, estão no solo também em quantidade acima do permitido por lei. A conclusão está em laudo da análise feita pela Prefeitura de Brumadinho, em parceria com os municípios de Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Juatuba, na mesma região. O resultado do estudo foi divulgado ontem e seria encaminhado pela Prefeitura de Brumadinho ao Ministério Público de Minas Gerais.

O nível de manganês encontrado na água abaixo de onde, em 2019, ocorreu o rompimento da barragem da Vale chega a ser seis vezes maior do que o considerado admissível pelo Ministério da Saúde. O material foi coletado em nove pontos do rio, entre 17 e 19 de janeiro – conforme mostrou a reportagem de O TEMPO na ocasião – e analisado por laboratório especializado, contratado pelas prefeituras.

Segundo o relatório, fica evidente que “há correlação da presença de elementos químicos na água e na lama das amostras coletadas com os rejeitos provenientes do rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão”. “O relatório demonstra que esse material, até seis vezes maior do que o permitido pela lei, provavelmente foi depositado na calha do rio Paraopeba após o rompimento da barragem”, pontua o coordenador do Departamento de Avaliações e Perícias de Brumadinho, Cristiano Silva. 

A análise mostrou que a presença de ferro na água e na lama do rio Paraopeba chega a ser quase quatro vezes maior na área situada abaixo de onde os rejeitos da mina de Córrego do Feijão atingiram o leito do rio. O alumínio na lama também apresentou índices superiores aos permitidos pela lei – a concentração passou de 3% do ponto a 15 km da barragem para 27,8% abaixo da área atingida. 

Devido à complexidade dos impactos sociais, ambientais e econômicos desse resultado, o laudo orienta as prefeituras a solicitarem à Vale “informações sobre as medidas que estão sendo tomadas para mitigar os danos pós-inundação e quais tipos de monitoramento vêm sendo executados”.