Legislativo

CPI da Lama começa a ouvir testemunhas na terça

Comissão da Câmara de Betim convidou várias autoridades. Objetivo é apurar possíveis crimes por causa dos rejeitos no leito do rio Paraopeba

Publicado em 07 de abril de 2022 | 19:37

 
 
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lama, da Câmara de Betim, vai começar a ouvir testemunhas na próxima semana. 
Os primeiros a serem ouvidos serão o prefeito Vittorio Medioli, na terça (12), e o procurador geral do município, Bruno Cypriano.

A CPI tem como objetivo apurar possíveis crimes ambientais e contra a saúde pública, danos materiais e morais ocasionados pela invasão de lama dos rejeitos da extração do minério pelo rompimento da barragem Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em 2019. 

Em janeiro, a região de Citrolândia, principalmente a Colônia Santa Isabel, foi inundada pelo rio Paraopeba, trazendo barro e lama para ruas e casas da região. Moradores, na época, declararam que a lama espessa, grudenta e de aspecto diferente – de cor de minério – nunca tinha invadido as casas. Dezenas de famílias perderam tudo. Além disso, há relatos de sintomas, como febre, coceira, alergia e outros, por causa da lama possivelmente tóxica e com rejeito.

Um laudo de um estudo feito pela Prefeitura de Brumadinho, em parceria com os municípios de Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Juatuba, constatou que havia presença de metais pesados no rio Paraopeba. 

“A CPI consiste na apuração dos fatos que aconteceram na região do entorno do rio Paraopeba por causa do crime ambiental cometido pela Vale, em 2019, com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão. Isso fez com que rejeitos de minério ficassem no leito do rio, o que levou ao assoreamento. Com as fortes chuvas que tivemos no início deste ano, essa lama que estava no leito invadiu casas e ruas. Então, comissão vai apurar esses impactos e os possíveis crimes cometidos. Por isso, vamos começar ouvindo o prefeito e o procurador geral do município para falarem sobre as consequências que essas inundações trouxeram para a vida da população”, destaca o presidente da CPI da Lama, vereador Professor Wellington (PSC). 

Convocações

Na reunião da Câmara de terça (6), o plenário também aprovou o convite para que outras testemunhas sejam ouvidas, entre elas o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Alexandre Bambirra, o gerente do distrito regional de Betim da Copasa, Joaquim Paulo Braga, e representantes da diretoria-executiva da Vale.

“Também vamos chamar representantes das secretarias de Meio Ambiente de Betim e também do Estado, da agência das águas (Igam), entre outros órgãos e entidades. Tivemos casas completamente invadidas pela lama tóxica, que trouxe vários transtornos, inclusive problemas de saúde, até porque uma inundação da magnitude que houve neste ano, com a lama daquele jeito, nunca havia sido registrada. Então, vamos chamar todos os setores envolvidos”, completou. 

A CPI ainda é composta pelo relator Claudinho (União Brasil) e por Junior Trabalhador (União Brasil), Layon Silva (União Brasil) e Roberto da Quadra (Patriota). 

Em nota, a Vale disse que se solidariza com a população da Bacia do Paraopeba impactada pelas fortes chuvas e informou que “já realizou a coleta de material para análise e está conduzindo uma avaliação técnica sobre os eventuais efeitos causados pelos alagamentos ocorridos”.

A nota também diz que a empresa está “à disposição para colaborar o máximo possível com os esclarecimentos demandados pelas autoridades”.