CPI da Lama

Vale admite em CPI que suporte dado a Betim nas enchentes foi ‘tímido’

Representante da empresa disse que apoio dado aos atingidos foi com a distribuição de cestas e produtos de higiene, mas não soube informar a quantidade de material entregue

Publicado em 11 de maio de 2022 | 21:32

 
 
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Durante a quinta oitiva da CPI da Lama, que apura possíveis crimes ambientais e contra a saúde provocados pela invasão da lama advinda das enchentes do rio Paraopeba, em janeiro deste ano, e que teria rejeitos de minério, o diretor de reparação e desenvolvimento da Vale, Marcelo da Silva Klein, admitiu que o suporte dado a Betim foi “tímido”. A audição pública ocorreu nesta quarta (11), na Câmara de Betim.

“De fato, atuamos intensamente em Brumadinho, Mário Campos e Nova Lima. Concordo que o suporte a Betim foi tímido. Fomos até os locais mais próximos de Brumadinho, pela lógica de que os rejeitos estavam contidos até os primeiros 8 km  (do rio). Então, nosso perímetro prioritário foi aquele que poderia ter sido mais impactado pela nossa presença. Betim, de fato, não estava nele. Na hora em que as coisas estavam acontecendo, não tínhamos a percepção de que Betim era um front crítico, que pudesse ter relacionamento com o rompimento, como é a tese que esta CPI está investigando”, destacou o representante da mineradora. 

Marcelo Klein argumentou também que, do total de 12,1 milhões de m³ de rejeito que havia na barragem da mina de Córrego do Feijão, 9,68 milhões de m³ verteram e 1,59 milhões de m³ chegaram ao Paraopeba.

“Desse material, 80% ficou retido nos primeiros 8 km. Isso é importante para orientar nosso trabalho de dragagem, pois nossa obrigação é cuidar da remoção do material que verteu e que ficou no solo. Quando as pessoas falam em assoreamento do rio, fica a sensação de que uma massa enorme de minério entrou no rio, expulsando a água na hora, sobretudo nas chuvas severas. Pela quantidade de minério que chegou até o rio e a forma com  que ele se distribuiu, em uma altura de 20 cm, a gente entende que isso não caracteriza o assoreamento do rio”, argumentou o diretor.

Apesar das alegações do representante da Vale, em oitiva anterior, o secretário de Meio Ambiente de Betim, Ednard Tolomeu, informou que, após as enchentes de janeiro, 2,5 milhões de m³ de área em Betim foram atingidos pela lama que saiu do Paraopeba

‘Assistencialismo’

Ao ser questionado sobre qual  suporte social  fora dispensado pela Vale à população da cidade, Klein disse que a empresa distribuiu cestas básicas e kits de higiene pessoal e de limpeza, mas não soube informar a quantidade. Ele admitiu ainda que não houve por parte da empresa a oferta de atendimento psicossocial às famílias atingidas.

O presidente da CPI, Professor Wellington (PSC), criticou o suporte, afirmando que “envolvimento social vai muito além de pacotes de assistencialismo, com cestas, produtos de higiene e colchões”. “Entendo que isso é de grande valia, mas essas pessoas precisam, sobretudo, de atendimento com psicólogos, assistentes sociais. Essa população sofre até hoje de problemas psicológicos gravíssimos”, disparou.

Próxima oitiva

Na quarta (18), às 14h, ocorrerá a sexta oitiva da CPI da Lama. Na ocasião, o secretário de Ordenamento Territorial e Habitação de Betim, Marco Túlio Freitas, deve ser ouvido.