Artista transforma ferro em protagonista de obras

Se tudo que o rei Midas tocava virava ouro, o mineiro Robson Emerick, de 55 anos, vive uma experiência similar, transformando em arte todo material de ferro que passa pelas suas mãos. Em seu ateliê, no bairro Jardim das Alterosas, em Betim, o artista plástico e paisagista dá vida a obras que têm ganhado espaço no cenário cultural nacional. 

Foi ainda na infância que o artista descobriu o gosto pelo desenho. Sempre que tinha um lápis e uma folha nas mãos, tratava de “rabiscar” alguns contornos. Mas o encontro definitivo com o caminho da arte só veio a acontecer muitos anos depois. “Não sei afirmar com precisão em que exato momento foi, mas um dia, quando optei por abrir um negócio, eu senti que deveria ser uma floricultura e foi ali que tudo começou”, conta o artista. 

Em 1992, Emerick abria sua primeira floricultura em Contagem. Dez anos depois, o paisagista inaugurou uma nova loja, desta vez em Betim, no Jardim da Cidade. Quem passava na porta do local notava uma variedade de esculturas feitas com ferro.

Apesar do bom desempenho nos negócios, Emerick, que também é formado em design de produtos, sentia que tinha chegado o momento de viver daquilo que mais amava: transformar o aço em arte. “Em 2018, larguei tudo e fui me dedicar à arte. Na minha mente, estava claro: eu queria dar vida para materiais industriais que seriam descartados. Desde o início, sentia a necessidade de que a sustentabilidade fosse um dos pilares das minhas peças, uma assinatura”, detalha.

Já no primeiro ano, em que ele resolveu se dedicar exclusivamente às obras, Robson foi convidado para expor em grandes eventos e fechou parcerias com nomes ilustres da arquitetura e do cenário da moda. Entre os encontros de sucesso estão os trabalhos feitos com o renomado estilista Ronaldo Fraga. Ao todo, Emerick já assinou 270 obras exclusivas e mais de mil desenhos. 

Máscara gigantesca viralizou

Em 2021, em meio à pandemia da Covid-19, Emerick criou a obra O Tempo, uma máscara feita no aço com mais de um metro de largura. A arte, que retrata um dos símbolos mais importantes no enfrentamento do coronavírus, foi inspirada no clássico filme “Mad Max”. 

“Durante a pandemia, ficou ainda mais claro como tudo que acontece no mundo está interligado e pode impactar a vida de todos. E, assim como no filme, a obra também provoca nas pessoas a conscientização sobre a importância de termos uma noção coletiva ecológica. Afinal, o rumo do planeta passa por nossas decisões diárias”, comenta. 

Emerick celebra parceria de sucesso

Embora a trajetória com a arte tenha começado em 1992, com os primeiros trabalhos de paisagismo feitos em sua floricultura, foi em 2018 que a carreira do artista deslanchou. O ano, primeiro em que Emerick se dedicava exclusivamente à arte, ficou marcado por um convite inesperado. “Eu conheci o Ronaldo Fraga durante um evento, conversamos, ele conheceu o meu trabalho e me convidou para fazer o projeto do Pergolado do Grande Hotel”, conta o artista.

A parceria com Ronaldo Fraga, um dos mais renomados estilistas do Brasil, atraiu mais olhares para o trabalho de Emerick. Desde então, o artista tem sido convidado para assinar e participar de projetos de destaque no cenário mineiro.

Entre os inúmeros convites, um dos aceitos foi o de criar modelos de óculos para a grife Moon. Outra parceria considerada inesquecível para o artista foi a oportunidade de fazer a cenografia do show que homenageou os 60 anos da bossa-nova. 

As obras de Emerick também estiveram presentes em eventos como CasaCor Minas, BH Design Festival, Minas Trend Preview e Semana Internacional do Café.