Primeiro exemplar

Betinense entrega livro sobre período de isolamento devido à hanseníase a Lula

Obra, que levou uma década para ser escrita, tem 750 páginas e será lançada em janeiro de 2024; encontro com o presidente aconteceu em Brasília, na última sexta-feira (24)

Publicado em 26 de novembro de 2023 | 13:52

 
 
Primeiro exemplar do livro "A Rosa e o Machado", memórias de um brasileiro excluído, de Nelson Flores, foi entregue ao presidente Lula Primeiro exemplar do livro "A Rosa e o Machado", memórias de um brasileiro excluído, de Nelson Flores, foi entregue ao presidente Lula Foto: Arquivo Pessoal
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Na última sexta-feira (24), durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a sanção da Lei 3023/2022, que concede a pensão especial para as pessoas que foram separadas de seus pais por conta do isolamento compulsório da hanseníase, o betinense Nelson Pereira Flores, de 80 anos, entregou a Lula o primeiro exemplar do seu livro "A Rosa e o Machado", memórias de um brasileiro excluído.

Nelson foi internado compulsoriamente na Colônia Santa Isabel em 1955 e ficou mais de uma década escrevendo esse registro histórico, composto por 750 páginas. O lançamento da obra está previsto para o dia 28 de janeiro de 2024,  dia Mundial de Combate à Hanseníase. O evento acontecerá na Colônia Santa Isabel, durante o evento Concerto contra o Preconceito, tradicional festa do município em parceria com Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).

"Entregar o primeiro exemplar para o presidente da República do Brasil simbolizou que estamos começando a promover essas memórias sensíveis da hanseníase, que necessitam ser conhecidas pela sociedade brasileira e pelas futuras gerações, pela ótica daqueles que foram submetidos ao isolamento, para que os erros do passado não sejam repetidos no presente e no futuro", pontuou Thiago Flores, filho de Nelson e diretor jurídico nacional do Movimento de Reintegração dos Acometidos pela Hanseníase (Morhan).

A cerimônia em Brasília

Três ônibus saíram da praça da Matriz da Colônia Santa Isabel, em Betim, na região metropolitana de BH, na noite da última quinta-feira (23), levando cerca de 130 betinenses para participarem da solenidade, que reuniu mais de 500 filhos separados de todo o Brasil. Esse foi o último passo de uma luta de mais de uma década do movimento pela reparação dos filhos e filhas. 

"Essa solenidade representou o resgaste da cidadania de pessoas que tiveram seus direitos humanos violados logo após o nascimento. Essa pensão mensal e vitalícia no valor de R$ 1.940 vai garantir que esses filhos, que foram separados dos seus pais, possam ter um pouco de dignidade nesse momento de suas vidas", destacou Thiago.

Para o coordenador nacional do Morhan, Faustino Pinto, a ocasião é motivo de celebração. "Sinto orgulho em dividir com todos e, principalmente, com os filhos e filhas separadas pela hanseníase, esse momento tão emblemático para a história do Brasil, o reconhecimento de um erro histórico e de uma reparação pensando na melhoria da qualidade de vida das pessoas e de justiça social”, finalizou.