Clientes de Betim denunciam suposto golpe aplicado por agência de turismo

Imagine um cenário onde você programou um fim de semana perfeito, em contato com a natureza, para descansar e recarregar as energias. Você escolheu uma agência conhecida nas redes sociais e fez o pagamento do pacote. Porém, no dia da viagem, os responsáveis supostamente desaparecem e você acredita que caiu em um golpe. Essa é a situação que mais de 30 pessoas alegam estar passando, entre elas, ao menos três moram em Betim, com uma agência de turismo em Belo Horizonte.

Uma das vítimas, de 39 anos, moradora da região Central de Betim, em entrevista à reportagem, diz ter sofrido um prejuízo de R$ 470 e relata que, até a semana da viagem, a agência passava uma imagem segura e séria. 

“A página deles no Instagram tem mais de 30 mil seguidores, com fotos reais e comentários positivos. Eles nos enviaram portfólio, dicas para a viagem e nos asseguraram que na semana do passeio seria criado um grupo com todos que tinham comprado o pacote, mas isso nunca ocorreu”, detalha a mulher.

A viagem que a vítima faria seria para São Thomé das Letras, na região da Serra da Mantiqueira, no dia 29 de julho, junto de uma amiga que também mora em Betim.

“Faltando um dia para viagem, questionei a proprietária da agência sobre o grupo e quais seriam as orientações, de onde sairíamos. Ela me informou que a viagem não iria acontecer porque precisou viajar com outro grupo para o Jalapão”, conta a mulher.

A vítima conta que pediu que fosse feito então o estorno do valor total pago por ela e pela amiga para a viagem, mas a proprietária da agência teria informado que isso seria feito somente na semana seguinte e, depois disso, não respondeu mais as mensagens da cliente. 

Até o fechamento da matéria, a vítima afirma que a empresária não teria realizado nenhum tipo de contato nem feito o ressarcimento do valor.  

Na busca para reaver o seu dinheiro e entender o que aconteceu, a vítima acabou encontrando na internet outras pessoas que estariam na mesma situação.

“Temos um grupo no WhatsApp com mais de 30 pessoas que foi enganado por essa agência. Ninguém viajou e muito menos recebeu o dinheiro de volta. Alguns tiveram promessas vazias como respostas, outros, nem isso”, diz a moradora de Betim.

Outra moradora da cidade, da região do PTB, que também está no grupo, conta que passou por uma história muito semelhante com a mesma empresa quando comprou um pacote para Monte Verde, no Sul de Minas, no valor de R$ 500.

“Na semana da viagem, ela mandou um áudio me pedindo desculpas, falando que teve um problema pessoal e que a viagem não iria acontecer, mas que faria a devolução do dinheiro. Alguns dias depois, eu cobrei o valor, e ela já não respondeu mais nada”, diz a mulher. 

Levantamento feito pelos integrantes do grupo do WhatsApp que foram enganados, estima que eles tiveram um prejuízo de mais de R$ 23 mil. Entre os destinos das viagens que seriam feitas por eles estavam a Serra do Caraça, Lavras, Ouro Preto, Paraty, Jalapão e Ibitipoca. 

A reportagem tentou contato com a empresa pelos canais disponibilizados nas redes sociais da agência de turismo da capital, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. Já a Polícia Civil de Minas informa que instaurou um procedimento para apurar o fato e que 12 ocorrências de estelionato já teriam sido feitas contra a agência.

“Foram localizadas 12 ocorrências com registros de estelionato, mas nem todas as vítimas procederam à representação. A Polícia Civil orienta que a vítima formalize a representação em uma delegacia de polícia para que seja dado prosseguimento aos trabalhos investigativos”, orienta a Polícia Civil por meio de nota.

Outras cidades

Moradores de outras cidades da Grande BH também relataram terem caído no suposto golpe. Leonardo Gerth, de 38 anos, morador da capital, conta que conheceu a agência por meio de duas amigas que já tinham viajado com a empresa. 

“Em novembro de 2021, comprei dois pacotes de viagem para Boituva, em São Paulo, para um pulo de paraquedas, no valor de R$ 2.800. Fiz o pagamento por PIX na conta da proprietária”, detalha Gerth.

A viagem aconteceria em fevereiro deste ano, mas foi adiada para abril. “Ela alegou que era por causa do mau tempo”. Na nova data, o passeio foi novamente protelado, segundo Gerth, com a mesma desculpa.

“Em maio, ela sumiu e não respondeu mais ninguém. Mando mensagens pra ela até hoje no WhatsApp, mas ela não responde. A nossa revolta é que ela continua com a conta no Instagram, vendendo pacotes, e todo dia aparece gente que cai no golpe”, lamenta Gerth.