Famílias de um condomínio residencial de baixa renda no bairro Vila Verde, em Betim, na região metropolitana de BH, estão revoltados com a cobrança da fatura de água. Segundo eles, nos três últimos meses, em alguns casos, o valor chegou a saltar de uma média de R$ 50 por mês para, em alguns casos, até R$ 4.000. Os condôminos relatam ainda problemas constantes de vazamento em tubulações e da demora da Copasa para fazer a manutenção.
“Procuramos a Copasa diversas vezes, e eles afirmam que os moradores terão que provar que não consumiram essa água. Mandaram a gente chamar um engenheiro para fazer o laudo, mas, infelizmente, morador de baixa renda não tem condições de pagar por isso. Tem famílias aqui que estão deixando de comer para quitar com contas”, revela o servidor público Marcos Antônio Alves, de 42 anos.
Morador do Residencial Vila Verde há dez anos, ele relata que as famílias pretendem entrar com uma ação popular contra a Copasa. “Queremos pagar, mas o valor justo. Tem famílias aqui com duas pessoas apenas recebendo uma cobrança de R$ 700”, diz Alves.
A depiladora Luciana de Oliveira Elias, de 42 anos, que vive há três anos no complexo, localizado na rua das Rosas, afirma que, quando o morador pede para religar o fornecimento de água, após ele ser cortado por falta de pagamento, a Copasa não efetua o serviço de forma ágil. Ela diz ainda que o problema do vazamento nas tubulações ocorre por causa da pressão da água usada, que é muito forte.
“Nós estamos pagando hoje aqui duas contas: a do relógio Central, que passa toda a água que vem para o condomínio e é rateado para todas as famílias, e o do hidrômetro individual. Qual a finalidade desse relógio Central? Por isso, as contas estão vindo altíssimas”, denuncia a moradora, que estava acostumada a pagar por mês R$ 60 na fatura e, agora, tem que desembolsar R$ 600.
No condomínio, cada apartamento possui ligação própria de água e um hidrômetro principal, que abastece os 420 apartamentos do residencial.
Técnica em enfermagem, Ellen Cristina Silva, de 40 anos, afirma que, em um fim de semana que teve que fazer plantão, os filhos ficaram sem água após uma tubulação do condomínio estourar. “Chamamos a Copasa diversas vezes. Eles não solucionam o problema e continuam a enviar essas faturas exorbitantes”, conta a moradora, que vive há dez anos no condomínio.
Por meio de nota, a Copasa declarou que, junto com lideranças locais, vai avaliar ações de parceria para identificar e corrigir vazamentos internos. A companhia informou também que equipes comerciais estarão no condomínio para avaliar os casos específicos dos moradores que tiverem alguma situação especial e as alternativas para tratar e negociar os débitos existentes.
A Copasa informa que o Residencial Vila Verde, no bairro Vila Verde, em Betim, é dotado de Medição Individualizada, ou seja, cada apartamento possui ligação própria com hidrômetro específico, derivada de uma instalação interna comum principal.
Por meio da Medição Individualizada, toda a água que entra no residencial é medida por um hidrômetro principal, situado na entrada do condomínio e a partir dele derivam as tubulações internas que abastecem as ligações individuais de cada apartamento. A diferença entre o volume apurado pelo hidrômetro principal e a soma dos volumes apurados pelos hidrômetros individuais, correspondente à água que entrou no condomínio, mas não foi medida pelos hidrômetros individuais. Essa diferença é rateada entre as unidades conectadas ao Sistema. Assim, eventuais vazamentos nessas instalações internas ou a utilização indevida dessa água afeta o volume rateado para cada apartamento.
A Companhia percebeu um aumento significativo do volume de água fornecida ao Residencial a partir de novembro de 2022, conforme verificado pelo hidrômetro principal. Essa alteração, que possivelmente decorre de aumento do consumo ou de alguma situação atípica nas instalações internas do Residencial, impactou bastante o volume a ser rateado para as unidades, causando o aumento das faturas relatado.
Quando ocorre este tipo de situação, a Copasa faz um alerta ao cliente, por meio de mensagem nas faturas, relatando aos moradores afetados sobre esse consumo fora do esperado, e orientando-os a verificar eventuais vazamentos internos.
Diante da situação apresenta, mesmo que, pelas regras da medição individualizada, a responsabilidade pela conservação das instalações internas seja de responsabilidade do condomínio e dos moradores, a Copasa agendou uma reunião para amanhã (09/03), com lideranças locais, para avaliação de ações de parceria na identificação e correção de vazamentos internos. Desse modo, os volumes distribuídos para as redes internas do condomínio devem reduzir, com reflexo positivo no rateio e no valor das faturas. Esses vazamentos nas instalações internas serão documentados para que a Companhia possa aplicar descontos nos valores das faturas.
Além disso, equipes comerciais também estarão no condomínio para avaliar os casos específicos dos moradores que tiverem alguma situação especial e as alternativas para tratamento e negociação dos débitos existentes.
Estão sendo direcionadas para atenção especial a este condomínio, equipes socioambientais e operacionais, para, junto com os moradores, identificar e executar ações em parceria que venham a reconduzir as instalações internas do Residencial Vila Verde à normalidade de seu abastecimento.