Apuração

Copasa e moradores são ouvidos na CPI da Lama

Comissão da Câmara de Betim que apura possíveis crimes da Vale chegou à quarta oitiva nessa quinta-feira (5)

Publicado em 05 de maio de 2022 | 20:21

 
 
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A quarta oitiva da chamada CPI da Lama da Câmara Municipal de Betim foi realizada nessa quinta-feira (5). Desta vez, foram ouvidos o gerente da regional metropolitana Sul da Copasa, Joaquim Paulo Coutinho Braga, moradores e comerciantes da Colônia Santa Isabel, atingidos pela lama com possíveis rejeitos de minério que estariam no fundo do rio Paraopeba, que transbordou com as chuvas de janeiro.

Braga foi questionado pelos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as medidas adotadas pela companhia para mitigar os transtornos da população. Em diversos momentos, porém, ele não soube informar os dados solicitados pelos vereadores. Questionado, por exemplo, sobre se a Copasa havia sido procurada pela Vale para ser solidária nas ações de ajuda à população, Braga sugeriu a convocação de outras fontes da empresa. “A Gerência Regional Metropolitana Sul não cuida somente de Brumadinho, mas de 11 cidades. Minha vida é um corre-corre. Eu preciso ter uma equipe para que as coisas possam fluir. Não tenho conhecimento daquilo que se passa dentro da Copasa”, alegou.

Diante das lacunas deixadas, o presidente da CPI, Professor Wellington (PSC), encerrou o depoimento de Braga. Procurado pela reportagem de O TEMPO Betim, o gerente regional afirmou que não tinha autorização para conceder entrevista.

Contraponto

Os moradores que depuseram na CPI se emocionaram ao relembrarem os momentos de angústia que viveram no início do ano. “Eu nunca tinha vivido isso. Tinha acabado de mudar umas coisas no meu comércio e perdi tudo: o que era meu e o que era dos outros, bem como todo o meu estoque”, lamentou a comerciante Cássia Ferreira.

Ainda com a memória recente de tudo o que enfrentou, a comunidade fica apreensiva e em alerta constante. “Com a chuva desta semana, já percebemos que o volume do Paraopeba aumentou. Então, não vai ser necessário o mesmo volume de janeiro para inundar novamente a Colônia Santa Isabel, porque o rio está assoreado”, ressaltou o pastor Clayton Ribeiro da Silva.

Em nota, a Vale informou que “se solidariza com a população da bacia do Paraopeba impactada pelas fortes chuvas que assolaram todo o Estado de Minas Gerais” e que, “durante o período emergencial, a empresa também entregou mais de 480 mil litros de água, além de cestas básicas, produtos de limpeza, higiene pessoal, colchões e EPIs”.