Ato de fé

Cultura da benzeção é tema de exposição na Casa da Cultura

Conheça quem são as 15 mulheres de Betim que perpetuaram saberes populares e agora são homenageadas em mostra com esculturas feitas de papel machê

Publicado em 12 de maio de 2022 | 23:46

 
 

Quebrante, vento virado, cobreiro, aguamento, mau olhado, espinhela caída e carne quebrada. É provável que você já tenha ouvido falar de algum desses males ou passado por algum dos ritos para a cura deles. Carregado de fé e simbologia, a benzeção é uma prática que faz parte da cultura do Brasil com registros desde o período colonial. Em Betim, a tradição permeia gerações e foi considerada patrimônio imaterial do município em 2015. Durante todo o mês de maio, será possível conhecer mais sobre a história da prática na cidade na exposição “Fazer o bem sem olhar a quem”, na Casa da Cultura Josephina Bento.

Por meio de esculturas em papel machê, 15 benzedeiras de diferentes regiões de Betim são apresentadas ao público. Além de verem as peças, os visitantes podem conhecer um pouco da história de cada uma das mulheres. Realizado por Aparecida Maria Ambrósio, Rosilei Coleta Alves, Wederson de Almeida e Fátima Miranda, o projeto, financiado pela Lei Noemi Gontijo, foi desenvolvido ao longo de dois anos e contou com momentos de escuta e rodas de conversa. 

“Nossa intenção foi promover e resgatar a cultura da benzeção no nosso município de forma criativa e artística”, explica a artista plástica Rose Coleta, que desenvolveu as esculturas.

Entre as 15 benzedeiras, o projeto homenageou cinco que já faleceram, mas deixaram um legado para a cultura da cidade. Segundo os pesquisadores da iniciativa, Efigênia Margarida Pinto, Cecília da Silva e Olga Maria de Melo já haviam falecido antes do “Fazer o bem sem olhar a quem” começar. Já Geraldina da Cruz Teixeira e Maria Gontijo Silva vieram a óbito no decorrer do projeto.

“Enquanto filha de benzedeira, participar desse projeto foi muito emocionante. Eu aprendi muito em cada relato que escutei e também recordei vários momentos com a minha mãe, que já não está mais entre nós”, diz Aparecida Maria Ambrósio, filha de Efigênia Margarida Pinto.
Para o secretário municipal de Arte e Cultura, Gê Rodrigues, a exposição é fundamental para a preservação da tradição do benzer. 

“Proteger e valorizar os nossos saberes e a tradição oral da cidade é uma forma de perpetuar a nossa cultura para as gerações vindouras”, afirma.

A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada até o dia 31 de maio, das 9h às 17h, no salão principal da Casa da Cultura.