Desabafo de médica de Betim viraliza nas redes sociais

O desabafo de uma médica sobre a frieza com que um colega de profissão atendeu a mãe dela viralizou nas redes sociais. A clínica geral Ana Maria Reimer, que mora e trabalha em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, contou à reportagem de O Tempo Betim que o intuito do vídeo publicado na sua conta do Facebook era chamar a atenção de profissionais e estudantes de medicina para que eles tenham mais empatia pelos seus pacientes. “Eu não esperava chegar a 5,5 milhões de visualizações”, relata.

O episódio narrado por Ana Maria ocorreu em agosto último em um hospital particular de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Com um sangramento intenso e intermitente no nariz, a mãe dela, de 59 anos, foi até a unidade, acompanhada pelo marido, de 66, depois de já ter recebido o primeiro atendimento no distrito de São Francisco do Jataí, em Itanhomi, onde a família vive.

“Meu pai estudou até a quarta série, ele não tem entendimento dos termos médicos. Pedi a ele que fosse até o cirurgião que atendeu a minha mãe e, caso ele não estivesse ocupado, passasse o telefone para eu falar com ele”, conta a médica. “Do outro lado da linha, ouvi o colega dizer: ‘falar o que comigo? Ela está sendo medicada e vai ficar em observação. É isso que está sendo feito. Não preciso falar nada com ela”, completa Ana Maria.

Segundo a médica, a sensação de impotência diante da situação foi um baque para ela, que estava a cerca de 400 km de distância sem entender direito o que acontecia. “Meu pai foi muito educado, e o cirurgião estava no computador, não estava em atendimento”, frisa a clínica geral.

Repercussão

Depois de compartilhar a experiência negativa vivida à distância, Ana Maria passou a receber milhares de mensagens de pessoas relatando problemas parecidos e de agradecimentos pelo apelo por mais sensibilidade nos atendimentos médicos. O vídeo acumula aproximadamente 57 mil comentários no Facebook.

“Acredito que Deus tenha usado a minha mãe como um instrumento para que a gente fizesse todo esse alvoroço. Eu mexi em um vespeiro. Quando uma pessoa leiga se queixa de algo semelhante, as pessoas tendem a ignorar, mas quando um profissional relata essas coisas, elas ganham repercussão”, ressalta a médica.

Ana Maria afirma que ainda vai protocolar uma queixa contra o cirurgião na ouvidoria do hospital e junto ao plano de saúde. Assim como fez no vídeo, ela frisa que não vai expor o nome do profissional nem da unidade de saúde e tranquiliza os seguidores que ficaram preocupados com a mãe dela: “Ela está ótima”.

“Eu me garanto no atendimento humanizado porque sou assim, e isso vem de berço. Não receber o que a gente faz com os outros é muito ruim. Eu não queria um tratamento VIP e deixei isso claro desde o início. Não esperava ser tratada de forma diferente porque sou médica, mas de maneira adequada porque sou humana”, finaliza a clínica geral.