Em agosto de 2021, a designer de interiores Dinna Albuquerque recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Aos 43 anos, ela ainda amamentava a filha, que, na época, tinha 2 anos, quando, durante o banho, fez o autoexame e sentiu um caroço na mama direita.
No primeiro momento, o médico disse para que ela ficasse tranquila, uma vez que é raro que uma mulher amamentando desenvolva câncer. Mas a pulga ficou atrás da orelha, e Dinna, que, há 14 anos mora em São Paulo, decidiu entrar em contato com a ginecologista que a acompanhava em Betim.
Os exames foram feitos, o resultado saiu em uma sexta-feira, e o baque veio quando ela abriu a caixa de e-mail, em casa. O diagnóstico confirmava o câncer de mama. “Tive muito medo da morte, olhava pra minha filha e pensava que precisava cuidar dela. Vivi o luto do diagnóstico por três dias, mas, na segunda-feira, a conversa com o médico mudou minha perspectiva”, recorda-se.
“O médico foi bem claro e disse que eu tinha duas opções: ou me entregava à doença ou encarava e vencia esse desafio”, conta ela.
Foram nove meses de tratamento. Com a família morando no bairro Cidade Verde, ela teve o apoio de parentes e amigos para enfrentar as sessões de quimioterapia, uma cirurgia e a radioterapia. “Mudei meus hábitos de vida, foquei a alimentação e não deixei a doença me vencer. Nesses meses todos, nunca parei de trabalhar e, em abril deste ano, recebi a notícia de que estava curada”, revela a designer de interiores.
Acolhimento emocional faz toda diferença
Assim como Dinna, centenas de mulheres recebem a confirmação do câncer de mama diariamente e, além do diagnóstico precoce, o que faz toda a diferença para que o tratamento ocorra da melhor maneira possível é a maneira como a paciente vai encarar a doença.
“Após o diagnóstico, a preocupação é a sobrevivência. No entanto, além de despertar o medo do amanhã, o tratamento da doença é intenso e pode comprometer a autoestima e a saúde mental feminina”, pontua a psicóloga Natali Braga.
Segundo a profissional, paralelamente aos cuidados médicos que determinarão as estratégias de enfrentamento, o apoio de uma equipe multidisciplinar é essencial para que, tanto as mulheres quanto os familiares possam manter o equilíbrio mental.
“A mulher trava uma batalha para se reinventar, se aceitar, e esse processo pode ser muito doloroso. O trabalho para o resgate da própria identidade deve ser contínuo, e é importante que toda a família esteja envolvida para que em nenhum momento a paciente se sinta sozinha ou desista de lutar”, diz.
Quando procurar ajuda?
A psicologia entre os pacientes oncológicos atua com ênfase na subjetividade de cada um e é pautada na atenção, na escuta e no acolhimento às queixas e aos medos, visando o bem-estar e a melhor qualidade de vida tanto de quem enfrenta a doença quanto de quem está ao lado, como rede de apoio.
Embora não seja necessário estar em sofrimento mental para buscar auxílio, é importante estar atento a sintomas psiquiátricos como ansiedade, insônia, crises de choro constate, pensamentos negativos e suicidas, agitação, irritabilidade e raiva, além da autodesvalorização e da culpa.