Os betinenses irão às urnas neste domingo (30), no segundo turno das eleições para presidente, em um cenário de completo equilíbrio de forças entre os dois candidatos: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição. Isso porque, entre as nove cidades-polo em Minas com mais de 200 mil eleitores aptos a votar, Betim foi a que teve o resultado mais acirrado: o petista ganhou do atual presidente com apenas 807 votos (0,35%) de diferença (106.684 x 105.877).
De todos esses municípios, Bolsonaro ganhou em cinco, e Lula venceu em quatro. Para a doutora em ciência política e coordenadora de pesquisas do Instituto DATATEMPO, Audrey Dias, ao analisar os resultados do primeiro turno e compará-lo com os das eleições passadas, é possível constatar que Bolsonaro não conseguiu manter o contingente de votos que obteve no segundo turno das eleições de 2018.
“Naquele ano, quando concorreu com Fernando Haddad (PT), ele obteve 122 mil votos (62,03%). Neste ano, o atual presidente angariou 105.877 votos, cerca de 16 mil votos a menos”, compara a doutora.
Agora, faltando apenas dois dias para o segundo turno das eleições para presidente, que ocorrem no domingo (30), a expectativa é que o cenário de votação acirrada em Betim se mantenha.
De um lado, pesquisas internas e de intenção de voto apontam que a campanha petista deve abocanhar 60% do eleitorado dos candidatos derrotados Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Em Betim, isso significa uma fatia de 17.307 (7,43%) votos de eleitores betinenses.
Do outro lado, o atual presidente passa a contar com o apoio mais fortalecido do prefeito de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), e do governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo), que, desde a retomada da campanha eleitoral para o segundo turno, tem mobilizado uma base de cerca de mais de 500 prefeitos mineiros em favor da campanha de Jair Bolsonaro.
“Nesta reta final, assistimos ao atual governador de Minas, que recebeu 43,4% dos votos dos betinenses, e o bem-avaliado prefeito de Betim, Vittorio Medioli, compondo o palanque para o atual presidente, o que pode ajudar a diminuir os indecisos na cidade e contribuir para reverter a situação de Bolsonaro no município”, explica Audrey, que completa: “O cenário polarizado intensifica a importância das movimentações de última hora, de modo que cada voto conta”, acrescenta.
A opinião da especialista é partilhada pelo advogado Lucas Neves, especialista em direito público. “A polarização dos votos entre Lula e Bolsonaro no Brasil se deve, principalmente, pelo carisma e pela postura polêmica dos dois. Mesmo com a vantagem apresentada por Lula no primeiro turno, o clima sugere uma disputa voto a voto”, avalia.
O advogado André Diniz diz que vota em Lula porque o ex-presidente sempre teve como pauta principal a assistência social aos menos favorecidos. “Hoje, no governo Bolsonaro, o financiamento federal do Sistema de Proteção Social caiu demasiadamente. Na gestão de Lula era 1,22% do PIB e, agora, de menos de 0,5%”, critica Diniz, que é presidente do Conselho de Assistência Social de Betim.
Já para o procurador-geral de Betim, Bruno Cypriano, que apoia Bolsonaro, o projeto do atual presidente preza pela transparência, pela legalidade e por um projeto municipalista. “Em Betim, só temos a agradecer ao presidente, que mais do que dobrou os repasses financeiros à cidade”, diz.