Veja o vídeo

Idosos são agredidos com socos, chutes e golpes de macaco hidráulico e facão

Câmeras de segurança instaladas na rua onde as vítimas moram registraram o ataque, ocorrido na última sexta-feira (19), em Betim, no bairro Bueno Franco

Publicado em 21 de agosto de 2022 | 17:52

 
 
normal

Um casal de idosos foi agredido no meio da rua com socos, chutes e até com golpes de um macaco hidráulico e um facão em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Câmeras de segurança instaladas na rua onde as vítimas moram registraram o ataque, ocorrido na última sexta-feira (19), no bairro Bueno Franco. Segundo parentes das vítimas, os suspeitos seriam dois vizinhos, um homem de 48 anos e o filho dele. 

Conforme Camila*, neta das vítimas, por volta das 20h30 de sexta-feira, o avô dela, de 71 anos, estava sentado na calçada de casa, quando pai e filho passaram na rua de carro. Ao chegarem na esquina da rua, eles teriam retornado e ido para a frente da casa do aposentado, quando começaram as ofensas.

“Nesta hora, meu avô entrou em casa. Mas eles saíram do carro e foram atrás dele para agredi-lo. Eles puxaram meu avô para fora e começaram a dar vários socos e chutes nele. Minha avó, no desespero, saiu de casa para tentar defender o marido e foi agredida com um soco no rosto e jogada no chão. Ela também foi agredida com um facão pelo irmão dele. Na confusão, o agressor pegou o macaco do carro e jogou diversas vezes contra a cabeça do meu avô, enquanto o filho dele continuava as agressões", relatou Camila. 

Ainda segundo ela, familiares dos agressores acompanharam a violência e incentivaram o ataque. "Felizmente, minha avó conseguiu fechar o portão. Mas, mesmo assim, eles tentam abrir. Quando viram que não iriam conseguir, foram embora”, relata a neta do casal, que mora na rua há 40 anos. O aposentado teve sete costelas quebradas e diversas lesões na cabeça. Já a mulher dele ficou com um hematoma no olho esquerdo e nas costas.

Camila* revela que essa não foi a primeira vez que o suspeito agrediu o aposentado. Conforme ela, numa outra ocasião o suspeito teria agredido o avô dela com uma barra de ferro. “Ele arruma confusão com todos os vizinhos. Já registramos vários boletins de ocorrência contra ele. A polícia já veio aqui e fizemos, inclusive, uma representação no Ministério Público contra ele, mas o oficial toda vez que vem aqui não consegue achá-lo para intimá-lo”, afirma. A reportagem fez contato com a Polícia Militar e com a Polícia Civil, mas ainda não recebeu retorno sobre a denúncia. 

Conflitos constantes​

A dona de casa Maria Lúcia*, que também mora na rua há 40 anos, confirma que o suspeito ameaça a vizinhança há anos e diz que, mesmo com as diversas denúncias feitas contra ele, nenhuma providência até hoje foi tomada. “Toda vez que ele me vê, me chama de vagabunda, piranha. Outros vizinhos também são sempre agredidos verbalmente por ele. Uma vez ele tirou o pênis pra fora da calça e ficou mostrando pra gente. Ele também já mostrou uma arma de fogo para os moradores. O problema é que ele faz isso a vida toda e sabe que ninguém faz nada com ele”, diz a moradora.

Antônio*, de 54 anos, conta que o suspeito o ameaçou de morte e teria avançado com um veículo sobre ele e a mulher, de 59. “Já fiz um boletim de ocorrência contra ele. Uma vez ele jogou o carro em cima de mim e da minha esposa. Graças a Deus não acertou. Mas tenho medo porque ele disse que vai me furar”, conta o senhor.

Amedrontados, os vizinhos temem uma escalada da violência praticada pelos suspeitos. “A situação está insustentável. A gente se sente inseguro até para sair na rua para ir ao supermercado. Temos medo de que possa acontecer uma tragédia. Dessa vez, ele quebrou sete costelas do meu avô. Da próxima, quem garante que ele não vá matá-lo?”, indaga Camila. “Meu pai tem 92 anos e minha mãe tem 84 anos, e eles moram na rua também. Tememos pelas nossas vidas. Vivemos acuados em casa, com medo de sermos mortos”, completa Maria Lúcia.

Depois das agressões, pai e filho teriam fugido e, segundo os vizinhos, não retornaram para casa. Já as vítimas foram levadas para o Instituto Médico-Legal (IML) de Betim e passaram por exame de corpo de delito. “Amanhã vamos na delegacia para dar continuidade na denúncia da agressão”, explica Camila.

Versão

O homem de 48 anos disse ter se arrependido, mas alegou que tomou a atitude por causa de problemas recorrentes que estaria sofrendo com o senhor de 71 anos. 

Segundo o homem, o idoso, em 2017, teria, por diversas vezes, assediado sexualmente sua ex-mulher e, inclusive, teria flagrado por ele observando a ex dele na divisa do muro entre a casa dele e a do casal de idosos, se masturbando. “O senhor perseguia minha ex-mulher e dizia palavras obscenas pra ela. Por causa dos assédios e de uma vez o idoso ter me agredido com uma barra de ferro, fiz um boletim de ocorrência contra ele”, diz.

O homem afirmou também que, no dia das agressões, o idoso teria importunado o filho dele e o ameaçado com um pedaço de madeira. “Fiz errado de ter agredido o casal. Me arrependo, mas no dia ele chegou a dizer para o meu filho que a bunda da mãe dele era ‘bem redonda’. Meu filho foi pra cima dele e eu o defendi”, diz o homem.

Depois do caso vir à tona, o portão da casa do homem de 48 anos foi alvejado com tiros. Vizinhos disseram que uma pessoa teria efetuado quatro disparos no portão e ameaçado o homem de morte. “Estou sendo perseguido. Estão intimidando minha mãe de 70 anos, que mora no bairro. Acho que não vou sobreviver”, disse o homem.

Apesar das alegações, a neta do casal de idosos afirma que as acusações de assédio seriam caluniosas, conforme decisão da Justiça. “Ele admitiu que mentiu e teve que pagar multa por isso”, conta a neta.

*Os nomes são fictícios pra preservar as vítimas e os envolvidos.