Solidariedade

Morador de Betim conta experiência como voluntário no litoral de SP

Região recebeu o maior acumulado de chuva registrado no país, com 682 milímetros. Centenas foram desabrigados e 65 morreram

Publicado em 27 de fevereiro de 2023 | 12:38

 
 
Felipe Maia nasceu em Ilhabela, no litoral de São Paulo, mas cresceu em Betim Felipe Maia nasceu em Ilhabela, no litoral de São Paulo, mas cresceu em Betim Foto: Ronaldo Silveira
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O litoral norte de São Paulo sofreu uma das maiores tragédias da história da região, após fortes chuvas caírem no local na madrugada do dia 19 de fevereiro, provocando desmoronamentos de encostas e 65 mortos. Um time de voluntários se uniu para ajudar os sobreviventes nos primeiros dias, incluindo o administrador Felipe Maia, de 32 anos, nascido em Ilhabela, cidade ao lado de São Sebastião (a mais atingida), mas morador de Betim desde os 3 anos.

“Cresci em Betim, mas sempre fui para São Sebastião. É a minha segunda casa”, conta. Ele havia ido para o município para passar o feriado de Carnaval e voltaria logo em seguida. Porém, quando tomou conhecimento, na manhã do domingo, da tragédia que havia acontecido de madrugada, decidiu se movimentar para ajudar.

Maia conta que inicialmente arrecadou uma quantia em dinheiro com amigos e comprou itens como alimentos, fraldas, absorventes, produtos de higiene pessoal e limpeza para doar. Com os valores, ele também conseguiu adquirir outros itens específicos que as famílias precisavam e que estivesse ao alcance.

“Compramos um ventilador para uma mãe que havia ganhado o bebê há apenas nove dias para que ela tivesse um pouco de conforto, pois aqui está muito quente. A casa dela foi soterrada. Ela perdeu tudo e está morando temporariamente em outro local”, conta. Além disso, também ajudou a descarregar caminhões que chegavam com doações, em um trabalho incansável.

Felipe passou a fazer parte do grupo “Amigo Solidário”, criado por moradores da região que não haviam sido atingidos pela tragédia e estavam se mobilizando para ajudar como podiam.

“Conseguimos um ponto de recolhimento para receber doações e também estávamos levando de barco para algumas famílias, para que os donativos chegassem mais rápido”, diz.

Outra forma de ajudar foi doando marmitas para voluntários que ajudavam de forma incansável. O pai dele é dono de um restaurante em São Sebastião e eles chegaram a doar cerca de 40 refeições diárias, durante três dias.

Dever cumprido

O jovem passou uma semana em São Sebastião e voltou para Betim nesta segunda-feira (27). Para ele, a sensação é de dever cumprido. “É muito gratificante poder ajudar. Eu acho que fiz o que eu pude, mas vou tentar continuar ajudando de longe pois as pessoas ainda vão precisar de muito apoio para reconstruir a vida”, diz.

Ele ainda indica a ONG 'Protetores do Litoral Norte', que ainda está recebendo doações para acolher e atender animais de famílias atingidas pela tragédia. Eles oferecem abrigo, tratamento médico e ração. Mais informações podem ser obtidas pelo Instagram do projeto (clique aqui).

Corrente do Bem

Em vídeo divulgado neste domingo (26), o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, informou que a cidade já recebeu mais de 300 toneladas de alimentos, produtos de higiene e roupas, quantia suficiente para atender aos desabrigados. 

"Faço um agradecimento a todos que ajudaram. Neste momento, pedimos que as doações sejam direcionadas a outros municípios que ainda precisam da ajuda e da solidariedade do povo brasileiro", diz.