Alarmante

Na mira dos criminosos: crianças viram alvo na web

A cada quatro horas, um jovem é vítima de crime virtual em Minas Gerais; menino de Betim foi abordado por suspeito

Publicado em 22 de abril de 2023 | 09:00

 
 
Pedófilos e golpistas se valem do anonimato na internet para abordarem as vítimas Pedófilos e golpistas se valem do anonimato na internet para abordarem as vítimas Foto: Pixabay/Reprodução
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“Você gosta? Quer ver, bebê? A sua é pequena?”. Essas foram algumas das perguntas feitas por um homem, que aparenta ter aproximadamente 40 anos, a um menino de apenas 12, morador do bairro Vila Cristina, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. A abordagem criminosa ocorreu no início de março último, por meio de um aplicativo de compartilhamento de vídeos. O suspeito também enviou à criança várias fotos e vídeos em que aparece nu. 

Assustado, o garoto correu para contar à tia o que estava acontecendo, já que a mãe estava trabalhando no momento. “Mandei uma mensagem perguntando se ele não tinha vergonha do que estava fazendo, e ele riu da minha cara. Foi aí que pensei em adotar outra estratégia: me passei pelo meu sobrinho e pedi para que ele me chamasse no WhatsApp para que ninguém visse. Ele começou a fazer muitas chamadas de vídeo e a enviar mais fotos. Fui fazendo prints, e, agora, está tudo nas mãos da polícia”, conta a tia.

Em nota, a Polícia Civil informou que, até o momento, não houve prisão, e que “a investigação está sob sigilo”.

O caso desse menino não é isolado. Levantamentos feitos pela Superintendência de Informações e Inteligência Policial da Polícia Civil mostram que, a cada quatro horas, uma criança ou adolescente é vítima de crimes na internet em Minas Gerais. “Os mais frequentes são os da esfera patrimonial e os de pedofilia. No primeiro caso, é comum os jovens lerem algo sobre investimentos e caírem em armadilhas acreditando estarem fazendo algum tipo de transação vantajosa, mas, na verdade, trata-se de um golpe”, alerta o chefe da Divisão Especializada de Investigação aos Crimes Cibernéticos, delegado Renato Nunes Guimarães. 

Segundo ele, diante da facilidade de acesso a aparelhos eletrônicos conectados à internet, é fundamental que os pais ou demais responsáveis por crianças e adolescentes monitorem constantemente a utilização dessas tecnologias e não permitam o ingresso em redes sociais daqueles que ainda não alcançaram a idade mínima estabelecida. “Existem vários aplicativos que possibilitam o acompanhamento de tudo que os filhos acessam”, reforça o delegado Guimarães.

Onde denunciar

Os crimes cibernéticos cometidos contra crianças e adolescentes devem ser denunciados à Polícia Militar pelo telefone 190, quando a vítima estiver correndo risco imediato; pelo Disque 100, que recebe denúncias de violações de direitos humanos de maneira anônima; nas delegacias especializadas em atendimento a crianças ou a mulheres; ou na delegacia mais próxima. “É importante procurar qualquer unidade para facilitar a denúncia”, orienta o delegado da Polícia Civil Renato Guimarães.