A Organização Mundial da Saúde estima que somente no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.
Em Betim, a Superintendência de Proteção e Bem-Estar Animal (Sepa), órgão criado pela Prefeitura de Betim para cuidar dos animais, acredita que cerca de 15 mil bichinhos estejam hoje vagando pelas ruas da cidade, passando fome e até sofrendo maus-tratos.
Mas, mesmo em meio a tanto descaso com os animais, ainda é possível encontrar centenas de pessoas engajadas e unidas para ajudar esses seres indefesos.
Atualmente, além do importante trabalho desenvolvido pela Sepa, a cidade conta ainda com uma rede de apoio formada por cerca de 400 protetores, que atuam em prol do bem-estar dos bichinhos das mais diversas formas, seja apadrinhando cães e gatos para a castração, seja oferecendo um lar temporário ou doando ração e medicamentos. O que não falta são maneiras de ajudar.
“O trabalho dessas pessoas merece ser valorizado, porque são essenciais para a cidade”, destacou Roberta Cabral, superintendente da Sepa.
Amor com doação de corpo e de alma
“Minha alma fica dilacerada quando vejo um animal sofrendo, dói dentro de mim”. As palavras fortes demonstram apenas um pouco do quão é profundo o sentimento de amor e carinho que a protetora Zilda Cabral tem pelos animais. Há quase 40 anos, ela dedica seu tempo e sua força em prol da batalha para tornar a vida dos bichinhos abandonados um pouco mais digna e humana. “Sinto que cuidar deles é um dever que tenho com Deus por todas as coisas boas que Ele me deu na vida”, afirmou a betinense. Zilda é uma das mais respeitadas e reconhecidas protetoras da cidade. Ao longo de quase quatro décadas, ela tem ajudado a realizar eventos de adoção por todo o município, apadrinha animais para serem cuidados em lares temporários, consegue castração gratuita para adotantes e oferece diariamente aos bichinhos de rua alimentos e medicamentos. “Felizmente, nesta atual administração municipal estamos sendo apoiados na causa pelos animais, coisa que nunca foi prioridade por nenhum político antes. A criação da Sepa é um exemplo disso. Espero que esse seja o primeiro passo para estendermos essa luta”.
Em prol da castração
Protetora independente há cinco anos, Silmara Oliveira, 43, tem como foco a bandeira da castração e do resgate de cadelinhas que acabaram de parir e estão abandonadas nas ruas. Para ela, a castração é o maior bem que o ser humano pode fazer pelos bichos, já que, por meio desse procedimento, a proliferação de animais é evitada, além da exploração dos pets e do desenvolvimento de doenças neles. “Mas, nesta luta não estou sozinha. Conto com a ajuda de parceiros, como outros protetores e projetos como a Farmácia Solidária, além da própria Sepa. A superintendência é fundamental nesta minha batalha pelos animais. Já cheguei a levar para lá 22 cães em um dia para serem castrados gratuitamente”, contou.
Dedicação voluntária integral aos bichinhos
Há mais de uma década, Rosa Flores Bredof, 62, vive para defender cães e gatos doentes e que são maltratados nas ruas. Mesmo não tendo condições financeiras, a protetora diz que sempre consegue ajudar de alguma forma. “Recebo animais na minha casa, faço cobertores para ajudá-los a superarem o frio, compro ração para eles, participo de feiras de adoção e até dou banho neles na Sepa, órgão que é ajudado pela Laura Medioli e pela Roberta (Cabral)”, disse. Para a betinense, que tem uma história de vida de muita luta e sofrimento, se doar aos pets é uma forma de trazer satisfação para si. “Agradeço a Deus por poder conseguir ajudá-los de alguma forma. Os animais não têm ninguém por eles. Me dói vê-los tomando água suja na rua e comendo lixo para sobreviver”, disse.
Cuidados que viram carinho
Paranaense, o gerente comercial Braz Aparecido Carvalho, 46, sempre gostou de animais, mas se descobriu protetor quando alguns gatos começaram a ser abandonados na porta da sua casa, no bairro Moradas do Trevo, em Betim. “Não existe cachorro, gato de rua. Alguém criou esses animais e, depois, os abandonaram. Eles não têm culpa de estar nessa situação”, afirmou. Comovido, ele criou um abrigo temporário em um lote no mesmo bairro, onde cuida de cerca de 25 animais. “E a Sepa nos ajuda muito, com suporte veterinário e as castrações gratuitas”, declarou.
Vocação para cuidar e amar
Cuidadora de idosos, Iraina Rita de Jesus, 57, já perdeu a conta dos animais que ajudou ao longo da vida. “É um dom, sabe? Desde que nasci, sempre gostei dos animais. Eu não consigo ver um bichinho com fome ou doente que vou logo ajudar”, contou. Durante um período, ela chegou a cuidar de 15 animais de rua ao mesmo tempo. Por conta de tanta devoção aos animais, Iraina já enfrentou críticas e preconceito, mas nada disso a impede de continuar sua missão. “Minha maior alegria é ver que eles estão bem, que estão sendo bem tratados em um novo lar”, disse Iraina, que também faz rifas para ajudar outros protetores. Para ela, o trabalho desenvolvido pela Sepa é maravilhoso. “Já castrei vários animais de rua lá. Sempre recebo ajuda da Sepa quando encontro animais vítimas de maus-tratos ou doentes”.
Um carinho incondicional
Basta chegar à casa de Nysa Neves Alves, 52, para perceber que ali, além de muitos cães e gatos, existe muito amor. Protetora há dez anos, ela se dedica à causa animal resgatando bichinhos abandonados nas ruas. Além de cuidar de cada um deles com a ajuda de outros protetores, ao oferecer a eles alimento e medicação, a moradora de Betim os encaminha para a adoção responsável. “Depois que resgato os pets da rua, levo os bichinhos para a casa de amigos ou para a Sepa (Superintendência de Proteção Animal de Betim). Esse órgão da prefeitura, aliás, tem sido um grande parceiro nessa causa na cidade. Lá, consigo que eles sejam atendidos por veterinários, recebam medicamentos quando estão doentes e sejam castrados gratuitamente”, contou. Apaixonada por pets desde a infância, Nysa já perdeu as contas de quantas vidas de cãezinhos e gatinhos já salvou. “O maior problema hoje é o abandono. Por isso, a castração é essencial para diminuir a população de rua”, salientou a protetora, que hoje cuida de 35 cães e gatos.