Inédito

Pesquisa analisa reação de pacientes em estágio inicial

Betim participa de estudo científico em pessoas com Covid-19 que verificará a aplicação de remédios nos primeiros dias de sintomas; objetivo é buscar que quadro não se agrave

Publicado em 10 de junho de 2020 | 21:34

 
 
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Além da pesquisa que está mapeando a circulação do novo coronavírus na cidade, Betim também está sendo palco de outro levantamento científico. O estudo, que verificará a reação de pacientes com a Covid-19 em estágio inicial com medicações específicas, é inédito no país, e o protocolo da pesquisa foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Ela será realizada em parceria com a Universidade de Washington (EUA), Universidade McMaster (Canadá) e custeada pela Fundação Bill e Melinda Gates.

O idealizador do trabalho é o médico Gilmar Reis, especialista em medicina clínica e cardiologista e pesquisador, e sua equipe. A pesquisa também será realizada em Nova Lima, Sete Lagoas e Brumadinho, além de outras cidades.

O objetivo é fazer uso de medicamentos em pacientes em estágio inicial da Covid-19, e buscar reduzir, assim, as chances de a pessoa desenvolver um quadro grave da doença conseguindo, consequentemente, baixar as taxas de mortalidade.

“A Covid-19 é uma doença que ainda não possui tratamento. Por isso, todos os grupos de pesquisa estão empenhados em buscar soluções para essa doença. Desenvolvemos esse projeto com a finalidade de avaliar duas medicações que possuem probabilidade de controlar os sintomas na fase inicial da doença”, disse Reis. “A grande maioria das pesquisas sobre a Covid está voltada para os casos de pacientes graves, e ainda não há muito resultado. Desenvolvemos esse protocolo voltado para a fase precoce da doença para estudarmos, caso seja comprovado, uma intervenção no início dos sintomas para que a situação do paciente não saia de controle”, completou.

Os pacientes que concordarem em participar do estudo deverão assinar um termo de consentimento. Eles serão divididos em quatro grupos: um não receberá nenhum medicamento; o outro tomará a hidroxicloroquina. O terceiro grupo tomará os antivirais Lopinavir/Ritonavir, e o quatro grupo tomará as duas medicações. 

A primeira fase da pesquisa já está sendo realizada com pacientes da região do Teresópolis, uma das que concentram mais casos de pessoas com sintomas de síndrome gripal. Eles estão sendo contactados pelas equipes da rede de saúde reservadamente.

Quem concordar em participar do estudo científico receberá os medicamentos por cerca de dez dias e terão acompanhamento dos profissionais a equipe de pesquisa para monitorar a situação. Assim, a expectativa é que o resultado científico seja disponibilizado de três a quatro meses. 

Gilmar Reis disse que o protocolo de pesquisa passou por análise do comitê de ética nacional. “Em qualquer momento, a pessoa que concordar em participar poderá deixá-la. E sobre o uso da hidroxicloroquina, que foi alvo de polêmica, ressaltamos que os estudos sobre ela foram retratados, ou seja, foram uma fraude. A OMS (Organização Mundial da Saúde) desconsiderou os estudos anteriores”, afirmou.

De acordo com o secretário adjunto de Saúde, Hilton Soares, Betim foi escolhida como uma das cidades para o estudo por causa das ações de enfrentamento. “É uma pesquisa muito importante que vem somar e que tem validação dos conselhos de ética. O estudo é diferente do que está sendo realizado na cidade (mapeamento da circulação do vírus), mas que terá uma importância muito grande no combate à doença. E como Betim montou uma estrutura e ações de enfrentamento à pandemia, a cidade foi escolhida como uma das integrantes desse trabalho científico”, disse.