PROSTITUIÇÃO AVANÇA

Locais onde a população deveria se divertir estão tomados por travestis e prostitutas em busca de programas

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2009 | 00:47

 
 

Não há números que confirmem nem as autoridades estão dispostas a assumir, mas a prostituição avança na região central. A constatação é de moradores e comerciantes que reclamam do movimento na porta de suas casas ou estabelecimentos. Quem passa por lugares antes destinados ao lazer da população também se constrange, pois prostitutas, travestis e seus "clientes" não escolhem horário nem se incomodam mais com as câmeras de monitoramento que existem em locais como a praça Milton Campos

"A praça já foi o cartão postal de Betim. Lugar onde costumavam passear as famílias e concentrar os jovens. Hoje, ninguém quer vir aqui", desabafa o comerciante Omero Viana, dono de um restaurante na região há mais de cinco anos. "É complicado. A gente trabalha para ter um ambiente familiar, mas o comércio sexual do lado de fora acaba afetando a freguesia. As mulheres não querem vir com os maridos, e os pais evitam trazer as crianças", completou.

Outro dono de restaurante também reclama. "Mesmo quando eles ficam somente na rua, já atrapalham, pois inibem a clientela que mais nos interessa, que são as famílias. A situação fica pior quando eles entram nos restaurantes com roupas inadequadas e pedindo as coisas. Eu defendo o direito que todos têm de ir e vir, mas acho que eles devem respeitar o ambiente", disse o empresário, que prefere não se identificar.

Apesar das reclamações, o comandante do 33º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Antônio Betoni, afirma que não há dados que apontem para o aumento da prostituição. "A gente tem que verificar estas reclamações. Não posso partir da premissa que está aumentando, pois não tenho esses dados", disse. O responsável pela PM de Betim também disse que só pode agir se for acionado.

Enquanto as estatísticas não chegam à polícia, moradores continuam a conviver com tumultos e obscenidades. "As prostitutas e travestis trocam de roupa no meio da rua, gritam a noite toda, falam palavrões e brigam entre si. Além disso, o tráfico de drogas se prolifera. No dia seguinte, a gente vê os resultados da confusão da noite anterior, com camisinhas e restos de drogas pelas calçadas", conta a moradora de 61 anos, talvez a mais antiga da Praça Milton Campos. Ela ainda lamenta o fato de já ter levado um abaixo assinado ao juiz e não ter dado em nada.

Além da praça Milton Campos, outras regiões da cidade estão tomadas por pontos de prostituição. Quase em frente à matriz de Nossa Senhora do Carmo, na avenida Governador Valadares, quem acaba de assistir à missa se depara com corpos quase pelados do outro lado da rua. Na entrada da cidade, no alto da avenida JK, a situação se agrava. Os motoristas, muitas vezes com crianças, são obrigados a fazer manobras arriscadas para não bater em carros estacionados no meio da rua. Isso porque os "clientes" negociam o programa no próprio local.

Perfil

Dados da Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec) apontam que 59% das prostitutas em Minas Gerais são chefes de família e cerca de 70% delas não têm profissionalização. A garota de programa "Melissa" é mais uma que se inclui nesses números. Ela disse que mora em Mário Campos e começou a se prostituir aos 16 anos. "Venho pra cá pela proximidade e, sobretudo, pelo faturamento. O que eu ganho aqui me possibilita comer e pagar o aluguel".

Para compensar, prostitutas e travestis procuram fazer cerca de dez programas por dia. "Charlene", uma outra prostituta da região, garante que a maioria dos clientes são homens casados.

Sobre as reclamações, os profissionais do sexo são unânimes em dizer que respeitam a comunidade e evitam ficar na porta de casas ou comércios.

Frases

"A praça já foi cartão postal de Betim. Hoje, ninguém mais vem aqui"

Omero Viana

Proprietário de restaurante

"A gente tem que verificar essas reclamações. Não sei se está aumentando"

Antônio Betoni Comandante do 33º Batalhão PM

"Trocam de roupa na rua, gritam, falam palavrões e brigam entre si"

Moradora de 61 anos Praça Milton Campos

"O que eu ganho aqui me possibilita comer e pagar o aluguel"

"Melissa" Garota de programa