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Que tal ganhar dinheiro ‘vendendo’ seus pés?

Moradora de Betim criou site pra fisgar pessoas que ficam excitadas com essa parte do corpo; ela tem 4.000 podólotras que a segue nas redes sociais

Publicado em 08 de setembro de 2022 | 22:14

 
 

Já ouviu falar na expressão “pack do pezinho”? De olho nos podólotras de plantão, ou seja, nas pessoas que ficam excitadas com pés, um novo nicho de mercado vem crescendo nos últimos tempos: o de mulheres e homens que criam perfis em redes sociais e sites somente para vender vídeos e imagens dessa parte do corpo, que é um fetiche para milhares de adeptos no mundo.

Em Betim, a assessora jurídica Tatiana Mozoni, de 38 anos, é uma das que decidiram ganhar uma renda extra com esse negócio inusitado. Com mais de 4.000 seguidores nas redes sociais, que a adicionaram somente para ver suas publicações diárias sobre os seus pezinhos tamanho 34, ela, já na primeira semana em que lançou um site só para assinantes verem seus pés, faturou R$ 210. 

A model foot conta que a ideia de “vender” publicações sobre seus pés na internet surgiu depois de um ensaio fotográfico feito em 2019. “Na época, queria retomar meu amor próprio após sofrer abuso psicológico e agressão em um relacionamento abusivo. Uma página na internet viu um post que fiz dos meus pés e solicitou autorização para repostar a foto. Achei engraçado e deixei. Depois disso, meus seguidores no Instagram começaram a crescer, e percebi que a maioria era de pessoas que têm fetiche por pés”, diz.

A ideia de transformar esse fetiche em negócio surgiu neste ano, depois dos seguidores de Tatiana passarem a cobrar o dia e o horário em que Tatiana postaria seus pés e de ela começar a receber até transferências bancárias de pessoas que queriam escolher a cor do esmalte que ela vai passar nos pezinhos na semana.

“Achei que era o momento de tornar esse negócio de podolatria em algo mais ‘profissional’. Por isso, criei uma página na internet para os meus seguidores. É uma forma até de deixá-los mais à vontade. No site, mostro o dia a dia dos pezinhos nos sapatos, sem sapatos, molhados”, explica Tatiana, que é sócia de um escritório de negociação de multas de trânsito. 
Mesmo sendo um tema tabu e de ainda existir muito preconceito acerca do assunto, Tatiana diz não se preocupar e afirma estar gostando de alimentar o imaginário dos seus clientes.

“Estou focada em crescer com esse negócio feet. Acho bacana alguém sempre apreciar nossa beleza, seja qual for. Mas sei que há muito preconceito nesse meio, o que não me importo. Mas pare pra pensar: afinal, a Cinderela foi reconhecida pelos seus pezinhos, e não pelos seus seios e seu bumbum, não é mesmo? Com o dinheiro que já recebi dos assinantes do meu novo site, consegui fazer a matrícula da minha pós-graduação e pretendo pagá-la com o dinheiro que faturar neste negócio”, conta.

Comportamento

Um levantamento publicado no ano passado pelo aplicativo de encontros extraconjugais Gleeden aponta que, no ranking de fetiches mais comuns dos usuários da plataforma, a podolatria ocupa o terceiro lugar da lista, perdendo somente para o voyeurismo e o exibicionismo.

Saiba mais sobre o fetichismo

Maria Marlucia Guimarães Oliveira, psicóloga e mestre em sexologia clínica e terapia de casais

Até que ponto o fetiche é saudável?

Se é prazeroso, há consentimento e satisfação mútua, o fetiche pode até apimentar a relação e deixar a vida sexual com um colorido diferente. Se é consentido, tudo certo.

Quando ele passa a ser prejudicial?

Quando a pessoa só tem prazer dessa forma. Aí não é legal. Não é patológico, mas é limitante, porque a pessoa depende daquilo para sentir prazer. Se causa sofrimento intenso e duradouro, é necessária a ajuda de um profissional especializado.

E quando o fetiche é considerado patologia?

Quando o prazer depende só dessa atitude, se há sofrimento, dor ou culpa e quando a pessoa insiste para que seu par participe do jogo contra a vontade. São sinais de desconforto e prejuízos psicológicos que devem ser investigados. Nesse caso, há indicação de uma avaliação psiquiátrica e de psicoterapia.

Por que o fetiche ainda sofre tanto preconceito?

Infelizmente, isso foi construído ao longo de muitos anos, ancorado em regras sobre o que é certo e o que é errado no comportamento sexual. Com isso, as pessoas acreditam que quem sai do padrão convencional, da normalidade, não é saudável. Mas o comportamento sexual que tem consentimento, segurança, sem prejuízos, que não coloca nenhum dos envolvidos em risco é um comportamento dentro do esperado. Essas pessoas simplesmente aproveitam seu prazer de uma forma diferente do usual.