Irregular

Venda de terreno público em Betim vira alvo de notícia-crime

Área no Capelinha foi anunciada por R$ 45 milhões em uma página do Instagram; município apresentou denúncia à Polícia Civil

Publicado em 15 de setembro de 2022 | 21:53

 
 
normal

O anúncio de venda de um terreno público às margens da Via Expressa, no bairro Capelinha, em Betim, levou a Procuradoria-Geral do Município a apresentar uma notícia-crime nessa quarta-feira (14). A publicação, feita dois dias antes na página da BK Imóveis no Instagram, informava que a área anunciada possui 187 hectares e estaria sendo vendida por R$ 45 milhões, valor que poderia ser pago com imóveis e veículos premium. A postagem informava ainda que a negociação deveria ser feita diretamente com os proprietários: Brenda Keren e Daniel Fiúza.

O procurador-geral do município, Bruno Cypriano, no entanto, rechaçou o anúncio e ressaltou que foi registrada uma denúncia de possíveis fraude e estelionato junto à Polícia Civil (PCMG). “Temos a escritura, documentos e liminares possessórias desse terreno porque já houve tentativas de invasão no local”, disse o representante do município.

Ainda de acordo com o procurador-geral, essa também não é a primeira vez que particulares tentam vender a área. Em outras ocasiões, foram colocados anúncios e até outdoors nela. “Fizemos denúncias, e o material foi retirado do local. A última vez que tivemos problemas foi em 2018”, relembrou.

Ao tomar conhecimento da tentativa de venda do terreno, a prefeitura entrou em contato com os supostos anunciantes, que alegaram ser herdeiros da propriedade, fato que, segundo eles, poderia ser comprovado por meio de um documento de posse emitido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “Esse é um documento antigo na cidade. Sabemos da falta de validade dele há décadas. É só uma maneira de enganar algum incauto”, frisou Cypriano. Ainda na quarta-feira, o anúncio foi removido do Instagram.

Outro lado

Procurada pela reportagem de O Tempo Betim, Brenda Keren, que se apresenta como corretora de imóveis e perita avaliadora na página da BK Imóveis, não quis comentar o assunto. Já Daniel Fiúza reafirmou ter herdado o terreno e que já teria protocolado 53 levantamentos topográficos que comprovariam a posse. Segundo ele, a família tenta regularizar a situação e pôr fim ao imbróglio desde 2009. “Já apresentamos vários documentos à prefeitura, mas nenhum foi respondido”, afirmou. 

Questionado sobre o motivo de ter removido o anúncio da rede social, já que estaria em seu direito como proprietário, ele alegou que atendeu a um pedido da prefeitura, que, em contato telefônico, comunicou que abriria um processo.

Em nota, a PCMG informou que instaurou um inquérito para a apuração da notícia-crime. “A investigação está em andamento visando identificar os suspeitos, que, em tese, praticaram estelionato e outros possíveis crimes que serão apurados no decorrer dos trabalhos de Polícia Judiciária”, adiantou a corporação.