"A sentença satisfaz sim, mas nunca será justa. A condenação da Larissa foi no dia 5 de novembro de 2022. Eles [os condenados] vão voltar para a família um dia; ela não volta mais". O desabafo é de Camila Ferreira da Silva, de 35 anos, tia e "mãe de consideração" de Larissa Estefany da Silva Rodrigues, de 17 anos, morta após ser sequestrada, torturada e abandonada nas águas da Várzea das Flores, em Contagem, há dois anos. Nesta sexta-feira (15 de novembro), dois homens e uma mulher foram condenados a mais de 19 anos de prisão por homicídio e ocultação de cadáver.
Camila acompanhou o julgamento dos acusados, Ramon Gibson Costa, Bruno Borges de Souza Pereira e Gabriela Rodrigues Bispo, realizado no Fórum de Contagem, com duração de 18 horas. Para ela, reviver os detalhes do crime tornou este dia o segundo pior de sua vida, superado apenas pela data do assassinato de Larissa. "É uma mistura de sentimentos. Um dia inteiro ouvindo todos aqueles testemunhos, revivendo a perda. A Larissa era praticamente uma filha pra mim. Doeu. No fim, já estava com os olhos inchados de tanto chorar", desabafa.
Para a familiar, a sentença do trio flagrado sequestrando Larissa foi a finalização de um processo da Justiça. Já o luto ela vai carregar para sempre. "Espero que eles cumpram esses 19 anos na cadeia. Larissa sempre pôde contar comigo, e não seria diferente no julgamento. Nós tivemos a nossa resposta. É um dia difícil, mas ela vai descansar. Hoje ainda vou ao cemitério visitá-la", continua a tia da vítima.
De acordo com investigação da Polícia Civil (PCMG), a vítima foi sequestrada de um baile funk, em novembro de 2022, onde se encontrou por coincidência com os autores, que tinham envolvimento com o tráfico de drogas. De lá, ela foi levada para a Várzea das Flores, em Contagem, onde foi espancada, torturada e morta a pedradas.
Imagens que circularam nas redes sociais mostraram Larissa sendo agredida e aprisionada à força no porta-malas de um carro. A ação ocorreu em meio a pessoas que ficaram inertes diante das agressões e acendeu um alerta para a impiedade da atuação do tráfico de drogas. Na ocasião, os suspeitos disseram que tinham desavenças com Larissa.