'DÁ MOLE PARA VER'

Vídeo: criminosos zombam de moradores coagidos a contratar 'internet do tráfico' no Jardim Teresópolis

Segundo a polícia, quadrilha era formada por empresa em aliança com traficantes

Por Matheus Oliveira

Publicado em 05 de julho de 2024 | 16:33

 
 
Membro de organização criminosa em vídeo em que debocha de vítimas em Betim Membro de organização criminosa em vídeo em que debocha de vítimas em Betim Foto: Reprodução

Integrantes de uma quadrilha que coagia moradores a contratar os serviços de uma pequena operadora de internet, em Betim, gravaram um vídeo zombando das vítimas. A organização criminosa, formada pela empresa em aliança com traficantes, agia no bairro Jardim Teresópolis.

Segundo a Polícia Civil (PC), a quadrilha derrubava o fornecimento de internet de outras operadoras, cortando fios, o que obrigava os moradores a pagar pelo serviço da empresa ligada à organização criminosa. Parte dos lucros seria repassada aos traficantes.

Nas imagens, dois membros da quadrilha debocham dos moradores enquanto, aparentemente, deslocam-se para cortar fios. "Olha o trabalho de hoje aí! Se tiver caixinha no seu poste, vai cair", diz um eles, referindo-se às caixas de transmissão de internet de outras operadoras. "Todas as caixinhas, menos as pretas e amarelas", pondera o outro, com uma escada na mão, citando aquelas que pertencem à organização criminosa. "Dá mole para ver", continua o primeiro.

Assista:

A quadrilha foi desarticulada pela PC na última quarta-feira (3 de julho), na primeira fase da Operação Monopólio, quando foram presos cinco suspeitos, sendo três sócios e dois funcionários da empresa, com idades entre 30 e 41 anos — quatro homens e uma mulher. Eles foram detidos pelos crimes de ameaça, extorsão, organização criminosa e interrupção de sinal de telecomunicação. Equipamentos usados pelo grupo foram apreendidos.

Um dos investigados está foragido. Segundo a polícia, trata-se do líder do tráfico na região, conhecido como "Gordo" ou "Duprec", que aproveitou uma saída temporária da cadeia e não retornou e contra quem estão abertos três mandados de prisão.

O esquema

A delegada Cristiane Floriano, da 1ª Delegacia de Betim, afirma que, além de cortar os fios das outras operadoras, os criminosos ameaçavam técnicos dessas empresas que iam à região tentar restabelecer o sinal. "Inclusive com armas de fogo", destaca. "Também chegou ao nosso conhecimento que moradores estavam sendo coagidos a contratar o serviço de uma determinada empresa de internet, que chamavam de 'internet do tráfico'", diz a delegada.

De acordo com a polícia, a instalação da internet pela operadora ligada à organização criminosa custava de R$ 80 a R$ 100. A PC acredita que o esquema tenha começado em março e aponta que, com ele, o número de clientes da empresa subiu de 700 para 2 mil.