A criação de um observatório voltado para a saúde mental nas escolas e a instituição de uma frente parlamentar na Câmara Municipal, com o objetivo de valorizar a vida e as famílias que fazem parte da comunidade escolar da cidade, foram algumas das deliberações apresentadas em audiência pública realizada nesta sexta-feira (26/9), no Legislativo municipal. A audiência teve como foco o debate sobre políticas públicas e estratégias para enfrentar os desafios emocionais vivenciados nas unidades escolares de Betim. As propostas foram anunciadas pelo vereador Toninho da Farmácia (PL), autor do pedido de audiência.
Segundo o parlamentar, o observatório abrangerá diversas frentes relacionadas à proteção da criança e do adolescente, além da inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e dos profissionais da saúde. “O objetivo do observatório será monitorar, investigar e promover o bem-estar psicológico e social de alunos e educadores de Betim”, explica.
O coordenador da Subsede Betim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Luiz Fernando de Souza Oliveira, afirmou que os trabalhadores da rede municipal já enfrentam um processo crescente de adoecimento mental. Para o sindicalista, é urgente "a criação de um grupo de trabalho para estabelecer protocolos de cuidado aos trabalhadores em educação".
A vice-presidente do Conselho Municipal da Educação, Ana Paula Ribeiro Rosa, destacou que, no que se refere aos estudantes, tem sido crescente o adoecimento mental de crianças e adolescentes, principalmente após a pandemia. Do outro lado, os trabalhadores da educação também têm sido vítimas de atos violentos cada vez mais frequentes. “Para enfrentar essas questões, o Conselho Municipal da Educação busca trabalhar em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação pra encontrar soluções para esses desafios, que são novos tanto para os alunos quanto para as famílias e os profissionais. Considero que o município tem se esforçado para avançar na implementação das políticas públicas voltadas à saúde mental nas escolas, mas ainda existem gargalos. A falta de psiquiatras na rede municipal e a necessidade de uma maior integração entre saúde e educação são alguns desses obstáculos”, pontua Ana Paula.
A secretária municipal de Educação, Marilene Pimenta, informou que o Craei (Centro de Referência e Apoio à Educação Inclusiva), um programa destinado ao desenvolvimento de ações educativas complementares para crianças e jovens com deficiência intelectual, física ou distúrbios comportamentais, é uma das ferramentas utilizadas pelo município para enfrentar os desafios relacionados à saúde mental nas escolas.
“O programa conta com uma equipe multidisciplinar, composta por terapeutas ocupacionais, psicólogos e pedagogos, voltada para o acompanhamento contínuo das crianças. Já os profissionais da educação são assistidos por programas da Secretaria Municipal da Saúde”, detalha a secretária.